quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Glória do Ribatejo

No decorrer do trabalho de campo da minha dissertação, foi-me proposto pelo meu orientador a criação de redes culturais com outros pontos de interesse. Designei uma dessas redes como "Modos de vida e tradicões Ribatejanas". Aqui, um dos pontos de interesse seria a Vila da Glória do Ribatejo, cujo texto respetivo publico abaixo. 


Parte da exposição temática sobre
“O Farnel Aviado”
©Samuel Tomé




"A Glória do Ribatejo remonta ao reinado de D. Pedro I. Foi alvo da atenção de Alves Redol, que publicou um ensaio etnográfico sobre esta localidade em 1938, devido à peculiaridade das suas tradições. Com efeito, a endogamia entre a população contribuiu para que estas tradições se mantivessem até à década de 70 do século passado quase inalteradas. Com o intuito de preservar e registar todo o património gloriano, surgiu a Associação de Defesa do Património Etnográfico e Cultural, que possuiu um museu com dois núcleos.
No primeiro encontra-se uma exposição permanente sobre trajes, arqueologia, agricultura e bordados (apresentando estes últimos particularidades que apenas se encontram aqui). Para além disto, é ainda visitável uma exposição temática, que é feita anualmente. No ano corrente, a exposição é sobre o farnel aviado, ou seja, a ida por vários dias para fora da localidade trabalhar nos campos dos grandes proprietários (em Vila Franca de Xira, Benfica do Ribatejo ou Almeirim). Já o segundo núcleo trata-se de uma casa tradicional, disposta por cozinha e quarto, com objetos que mobilavam as casas típicas da então aldeia da Glória.
No entanto, ao circular pela localidade, é ainda possível ver as pessoas mais velhas envergar aquele que pode ser considerado o traje tradicional, mas que para elas é a roupa de todos os dias." 

Bibliografia e fontes utilizadas: 


Caneira, Roberto (s/d a). Museu Etnográfico da Glória do Ribatejo. S/l: ed. Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural.
Caneira, Roberto (s/d c). Exposição: O trabalho de farnel aviado. S/l: ed. Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural.
Caneira, Roberto (s/d b). Bordados a ponto de cruz da Glória do Ribatejo. S/l: ed. Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural. 
Redol, Alves (2004). Glória, uma aldeia do Ribatejo, 3.ª edição. Lisboa: Editorial Caminho. 



 
 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Património Molinológico como fator identitário e vetor do desenvolvimento económico: o caso da Ribeira de Muge

Tendo já sido abordado por vários amigos, ficaria mal ao próprio autor não falar do seu trabalho. Agradecendo desde já os elogios feitos a um trabalho, que no fundo, apenas pegou no que está abandonado, e se tentou dar um novo futuro ao passado. É um simples projeto que, no fundo, necessita de muitos aperfeiçoamentos, porque está longe da perfeição. Seria interessante de colocar em prática? Sim. Útil, economicamente falando? Sem dúvida. Possível? Talvez, dependendo dos interesses de muita gente. 

Publico aqui o resumo do trabalho, para que em poucas palavras, se possa dar uma noção do que são as mais de cem páginas.

  

Os moinhos, para além de serem considerados um adorno das paisagens rurais, foram o principal elemento a ser utilizado pelo homem para a produção de farinhas. Revelam o desenvolvimento de uma engenharia notável, ainda que rudimentar, aperfeiçoada ao longo dos séculos, para o aproveitamento não só da força humana, mas também do vento e da água.
Foi sobretudo desta última que nos chegaram alguns engenhos nas margens da Ribeira de Muge, além das memórias de outros que se foram não só com o tempo, mas também com a perda da sua funcionalidade, devido ao advento da modernidade tanto na produção de farinhas como na venda de pão.
No entanto, a existência destes elementos abandonados nas paisagens levam ao despertar de sentimentos nostálgicos, tornando-se assim em alicerces da construção das identidades das comunidades que aqui existem. Isto torna pertinente a sua recuperação, aliada à produção tradicional de farinhas e o descasque de arroz, que são mais benéficos para a saúde, além de terem, no seu processo de transformação, uma pegada ecológica bem menor que as moagens industriais.
Assim sendo, apresentamos o Parque Molinológico da Ribeira de Muge como um espaço que leva à valorização dos engenhos existentes e que funcionará como alavanca do desenvolvimento económico e social. Através deste desenvolver-se-á a empregabilidade na região, e com o aumento de visitantes, aumentar-se-ão os serviços existentes, o que também beneficiará a população residente.

Palavras-chave: Moinho, Molinologia, Património, Identidade, Ribeira de Muge.