LACROIX, Michele (1999). O Princípio de Noé ou a Ética da Salvaguarda, col. Epistemologia e Sociedade. Lisboa: ed. Instituto Piaget.
Mais uma leitura terminada... e desta feita, um livro, que é património, sobre o próprio património. Centra-se numa tese: devemos conservar para o mundo, ou para nós próprios? Desta maneira, opõem dois mitos (o de Noé e o de Narciso), que nos falam, percisamente, se nos devemos sacrificar para a salvaguarda da humanidade, como Noé fez, ou se, pelo contrário, devemos agir como Narciso, e pensar apenas em nós próprios, no "eu". O autor acaba por referir que "o mito de Noé significa que entramos numa era de salvaguarda, na qual a maior preocupação não será mudar o mundo, mas sim salvá-lo",ou seja, devemos tentar encontrar um meio termo entre a história destes dois personagens.
Ao longo desta brilhante reflexão o autor refere,entre muitas outras coisas, três tipos de homem que contribuem para o destruir do património. São eles o homem destruidor, o homem negligente e o homem moderno. À medida que a obra se vai desenrolando, é-nos também apresentado um quase casamento entre o património cultural e natural e a ecologia.
Uma obra, sem dúvida, bastante interessante... Deixo algumas citações, que podem servir para reflexão...
"Vivemos ao ritmo das «retrospectivas» que realçam a vida social e cultural. Os acontecimentos do passado são objecto de constantes comemorações" (pág. 18)
"Existe uma forma de lesar o mundo que consiste no facto de não estarmos presentes através da emoção ou do pensamento" (pág. 68)
"O homem negligente rejeita o convite à vida" (pág. 69)
"É lamentável ser ingrato, mas não será mais lamentável não aceitar com alegria o que nos é dado?" (pág. 70)
"Não é devolver o que recebemos, mas antes aprender a receber o que nos dão" (pág. 176)
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