sábado, 29 de junho de 2013

Nos 96 anos do nascimento de Francisco Henriques

Em homenagem ao poeta de Almeirim, defensor da história da sua terra, ou não a deixasse escrita, sob forma de sonetos, no Cântico à Minha Terra!


O Paço dos Negros

 Contemplo estas ruínas seculares,
Restos mortais de um Paço majestoso:
Muro ameado e brasão do Venturoso
Ladeado por esferas armilares.

Agora, estes históricos lugares,
Paraíso perdido – e tão saudoso! –
Evocam, no abandono lastimoso,
Coutada, moinhos, hortas e pomares.

A Ribeira de Muge já não canta
Sob a janela manuelina, à Infanta,
Nem a trompa anuncia as montarias.

Até que um novo almoxarife assome
E afaste o mau presságio do teu nome,
Paços dos Negros, negros são teus dias.


Francisco Henriques, Cântico à Minha Terra 

domingo, 23 de junho de 2013

Para assinalar os 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa

Retirado do blog "Tertúlia do Garcia"

Neste mês que se comemoram 125 do nascimento de Fernando Pessoa, não poderia deixar de assinalar um dos maiores vultos da poesia Portuguesa com um poema da sua única obra publicada em vida: Mensagem. 


X. Mar Português 

Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu. 



segunda-feira, 10 de junho de 2013

Porque hoje é dia de Portugal, das Comunidades e de Camões

Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, são a obra que relata o sentimento e o orgulho de ser português, ainda hoje, mesmo sendo feita à luz da realidade do séc. XVI, pois basta-nos ver as duas primeiras estrofes:

1
As armas e os barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.




Mas, como disse uma prof. de português que tive, somos um povo peculiar, que a última palavra dos Lusíadas é um sentimento que, infelizmente, frequentemente nos marca: 

Ou fazendo que, mais que a de Medusa, 
A vista vossa tema o monte Atlante, 
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante, 
A minha já estimada e leda Musa 
Fico que em todo o mundo de vós cante, 
De sorte que Alexandro em vós se veja, 

Sem à dita de Aquiles ter enveja.


E por ser dia de Camões, aproveito para partilhar um dos sonetos que mais gosto de Camões: 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

sábado, 8 de junho de 2013

Percurso Pedestre Branco na Herdade dos Gagos


Dos três percursos marcados existentes na Herdade dos Gagos, este é o mais pequeno. Conta com cerca de três quilómetros, com ponto de partida e chegada no parque de merendas do Vale de Água. No total, dependendo um pouco do passo, durará cerca de 45 minutos.


Logo ao início, tem um troço com uma inclinação ligeiramente maior, mas todo o restante caminho é mais acessível. Mesmo o declive no final, assinalado no gráfico de altimetria, é de fácil descida.


Deste ponto do percurso, é possível observar, na linha do horizonte, Paço dos Negros. É um dos poucos sítios onde isso é possível, uma vez que grande parte do percurso corre pelo interior da herdade. Assim, são observáveis essencialmente as espécies arbóreas que aqui dominam: o sobreiro, pinheiro e pinheira.