quinta-feira, 24 de outubro de 2013

EVORAMONTE - Em pleno Alentejo

Quem passa na Estrada Nacional 18 ou na A6, entre Évora e Estremoz, não deixará de reparar numa povoação no cimo de uma elevação, dentro de muralhas, coroada com um curioso edifício acastelado. Trata-se da parte antiga da vila de Evoramonte, onde foi assinada o tratado que colocou fim à Guerra Civil (1828-1834), a 26 de Maio de 1834, e que ficou conhecido como “Convenção de Evoramonte”.


Porta do Sol

Porta do Sol e Porta do Freixo
A Porta do Freixo está rasgada por um arco ogival no extremo sul da muralha, ladeada por dois torreões arredondados. A Porta do Sol esta localizada no extremo este, sendo também ogival e ladeada por dois torreões redondos. É esta última hoje o principal acesso ao recinto muralhado de Evoramonte.

Casa da Convenção

Casa da Convenção
Em 1834 era propriedade de Joaquim António Dias Saramago, médico e Administrador do Concelho de Evoramonte. Foi nesta casa que foi assinada a Convenção de Evoramonte, com o Marechal Lemos (em representação de D. Miguel) e os marechais Terceira e Saldanha (em representação de D. Pedro).

Paço de Evoramonte

Torre/ Paço de Evoramonte
Este singular edifício foi mandado construir por D. Jaime I, Duque de Brangança (1483-1532). Sendo como residência de caça ou estrutura defensiva, tinha como objetivo principal destacar todo o poder que a Casa de Bragança no meio do Alentejo. Foi obra dos arquitetos Diogo e Francisco de Arruda.
Sala Central do Paço - primeiro piso

A construção é quadrangular, com quatro torreões laterais, sendo que num deles existe uma escada em caracol, que permite a comunicação entre os três pisos e dá acesso ao terraço, que ocupa todo o edifício superior. Artisticamente ligado à corrente decorativa do manuelino, visível sobretudo através das cordas marítimas, que decoram o exterior do edifício. Quanto ao interior, no piso inferior encontra-se uma exposição sobre as estruturas defensivas e sobre aquele edifício em particular. O segundo e terceiro pisos estão vazios. Contudo, os três pisos são muito semelhantes. Tem uma sala central quadrada, suportada por quatro grossas colunas espiraladas, da qual arrancam abóbadas. O espaço correspondente aos torreões têm divisões mais pequenas.


Casa Câmara
Edifício ligado à municipalidade de Evoramonte (perdida em 1855). Tinha três valências: era o relógio da vila, a prisão e era onde se realizavam as sessões camarárias. A sua entrada é coroada por um brasão e por uma data (1789 – possivelmente da sua construção).

Fontes:
RODRIGUES, Apolónia – texto (s/d). Percurso Imaginário de Evoramonte. (folheto de informação turística).

MATTOSO, José – coordenação (1993). História de Portugal, vol. 5. S/l: Círculo de Leitores.

sábado, 19 de outubro de 2013

No aniversário da criação da Freguesia de Fazendas de Almeirim – Parte II

Ver parte I aqui

Com o significado do lançamento deste post no dia de hoje, em que se comemoram 57 anos da criação da freguesia. Data esta que não é assinalada, fruto muito possivelmente da desagregação do território enquanto freguesia, e da inexistência de traços comuns entre a Vila de Fazendas de Almeirim e os lugares de Paço dos Negros e Marianos. Mas esta é apenas uma opinião pessoal. O que segue abaixo são factos. 

Breve apontamento histórico sobre a criação da freguesia

A freguesia das Fazendas de Almeirim foi criada por decreto-lei, a 19 de outubro de 1956. Resultou não do desmembramento de uma freguesia em duas, mas sim da junção de terrenos de duas freguesias diferentes. Com efeito, a freguesia da Raposa perdeu a Herdade da Ponte Velha, Paços de Baixo, Paço dos Negros, Herdade dos Gagos e Marianos para a nova freguesia. A sede ficaria instalada no lugar das Fazendas de Almeirim, que saía da freguesia de Almeirim. 

Mapa das freguesias do concelho de Almeirim, antes da criação da Freguesia de Fazendas de Almeirim, com a sua área futura assinalada a tracejado.

Tendo em conta os dados do Censo de 1911, em Henriques (2006), juntado a “população dispersa” da freguesia de Almeirim (que segundo o autor corresponde ao lugar onde se viria a desenvolver as Fazendas de Almeirim) com a dos demais lugares que então pertenciam à freguesia da Raposa, a futura freguesia em 1911 contava 1816 habitantes. 

Aquando da sua criação, foi classificada como freguesia de 2.ª ordem. Deste modo, teria entre 800 e 5 000 habitantes (a freguesia), pois esses são os valores para este tipo de freguesia, segundo o art. 4 do Código Administrativo de 1940, ainda hoje em vigor (apesar de contar com algumas alterações). Apesar de não termos tido acesso ao valor de habitantes da nova freguesia no censo seguinte à sua constituição, sabemos, por Evangelista (2011) que Paço dos Negros teria nesse ano (1960) 782 habitantes, enquanto que em 1911 teria 162, ou seja, em 50 anos assistiu-se a um crescimento demográfico de 482%. 

O crescimento de Paço dos Negros pode explicar-se pelo aforamento de terrenos na primeira década do século, que levou ao desenvolvimento de duas ou três gerações até à criação da nova freguesia. Cremos que se poderá encaixar a mesma explicação para as Fazendas de Almeirim, que também nasceu do resultado de aforamentos. Este crescimento demográfico terá sido um dos fatores determinantes à constituição da nova freguesia, assim como a existência de igreja, cemitério (estes vincados no diploma de criação da mesma).

Corrobando com este desenvolvimento demográfico, está Serrão (2007), que afirma que a criação de muitas freguesias neste período se poderá justificar pelos “fortes impulsos de melhoria local [que] haviam crescido em muitas povoações que vivam uma hora de crescimento económico e demográfico” (Serrão, 2007: 173).

 Configuração atual da Freguesia de Fazendas de Almeirim - Carta Militar da Freguesia de Fazendas de Almerim.
Fonte: Instituto Geográfico Português.

O diploma de criação da freguesia refere ainda que “foi tomado o compromisso de criação da paróquia religiosa correspondente logo que se crie a freguesia civil”. Isto virá a acontecer três anos depois, com a criação da paróquia em 16 de julho de 1959 e sua inauguração no dia 2 de agosto seguinte. 

Sendo uma freguesia “jovem”, será sempre difícil ter marcos históricos, enquanto freguesia, dignos de nota, para além daqueles que apesar de melhorarem exponencialmente as condições de vida das suas populações, são normais pelo desenvolvimento (arruamentos, eletrificação, água e saneamento). 

Contudo, porque a formação é o caminho para a criação do indivíduo enquanto ser racional e opinativo, cremos ser importante destacar a entrada em funcionamento da Escola Básica do 2.º e 3.º ciclo de Fazendas de Almeirim no ano letivo 1999/2000. À construção deste estabelecimento não será alheio ao forte desenvolvimento demográfico que se sentiu desde a revolução de abril de 74, contando, segundo o censo de 2001, a freguesia com 6330 habitantes. 

 Escola Básica 2.º e 3.º ciclo de Fazendas de Almeirim.
Fonte: Website do agrupamento de escolas.

Em 1991 o lugar de Fazendas de Almeirim é elevado a vila. Será ainda nos anos 90 que serão aprovadas as peças heráldicas da freguesia, com a respetiva descrição publicada na III Série do Diário da República de 1 de julho de 1995. O escudo dividido em nove quadrados, cinco verdes e quatro prateados. O primeiro prateado com uma trompa vermelha, que simboliza as caçadas reais do séc. XIV que levaram à (?re)construção do Paço Real da Ribeira de Muge, que deu origem a Paço dos Negros. As restantes três têm cachos de uvas, simbolizando a cultura da vinha, dominante em toda a freguesia. A coroa mural é de quatro torres, que simboliza o lugar com categoria de vila. 


Brasão de Fazendas de Almeirim. Fonte: Wikipédia.

A freguesia hoje pode quase que dividir-se em duas partes separadas pelo acidente geomorfológico designado por Serra de Almeirim. De um lado, temos lugares que se estendem ao longo da margem da Ribeira de Muge, marcadamente agrícolas. Do outro, temos a vila sede de freguesia, que apesar de ter características também elas agrícolas, apresenta já um tecido mais urbano, com necessidades já bem diferentes.

Bibliografia e outras fontes:
Custódio, Jorge (2008). Almeirim – Cronologia. S/l: Ed. CMA e Edições Cosmos.
Decreto-Lei n.º 31 095, de 31 de dezembro de 1940. “Código Administrativo”, Diário do Govêrno.
Decreto-Lei n.º 40 812, de 19 de outubro de 1959.
Evangelista, Manuel (2011). Paço dos Negros da Ribeira de Muge: A Tacubis Romana. S/l: Edição do autor.
Henriques, Eurico Manuel Lopes (2006). Coisas Urgentes: Almeirim - 1920. Almeirim: Edição do Autor.
Lei n.º 80/91, de 19 de agosto. “Elevação da povoação de Fazendas de Almeirim à categoria de vila”, Diário da República.

Serrão, Joaquim Veríssimo (2007). História de Portugal: o terceiro mundo contra o Portugal Ultramarino (1951-1960), vol. XVII. S/l: Verbo.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Aparelhos de limpeza de cereais e descasque de arroz: a tarara e o aviador – Parte I

Tendo recentemente, ao consultar as estatísticas do blog, que o artigo mais popular é um publicado em Maio de 2010, sobre o que é a tarara (ver aqui), e verificando o quão incipiente ele é (sobretudo face aos atuais conhecimentos que desenvolvemos em torno desta atividade, por via da nossa dissertação de mestrado), é pertinente atualizar e rever esse mesmo artigo.

Ao ser colhido, muitas vezes o cereal contém algumas impurezas (como grãos de areia, ervas ou raízes), que é necessário retirar antes de se proceder à moagem. Deste modo, é utilizado um instrumento designado de tarara. A tarara pode definir-se como uma “máquina para limpar grão com uma combinação de crivos e correntes de ar geradas por pás de madeira rotativas, acionada por manivela ou pelo moinho através de poleia” (Miranda e Nascimento, 2008: 75).


Tararas na Azenha da Mãe d' Água , Chiqueda, Alcobaça (1) e no Museu Agrícola de Fermentões, Guimarães (2 e 3).

No entanto, deve-se ressalvar as limitações das tararas, segundo o referido por Miranda (2009). Com efeito, estas fazem a separação dos grãos de acordo com a amplitude e espessura, mas não são eficazes para uma separação de acordo com o comprimento. 

Por outro lado, é um instrumento de baixo rendimento, que não respondeu às necessidades cada vez mais exigentes do sector agrícola, visto que se considera terem baixo rendimento (entre 10 e 20 kg de grão numa hora). Com a finalidade de superar as limitações da tarara surgiu o aviador. Neste, o cereal

 “é deitado na tremonha ou tegão [e] vai passando lentamente para o crivo horizontal (com ligeira inclinação) na parte superior e a montante do tambor, o qual está em permanente trepidação provocada por um excêntrico e executa um ligeiro movimento de vaivém fazendo cair o grão para o tambor. Dentro do tambor, a gralhe cilíndrica assegura a triagem por seleção do calibre dos grãos que passam pelos seus furos, enquanto as impurezas ou outros grãos mais volumosos vão descaindo num cilindro até caírem num recipiente na extremidade oposta.” (Miranda, 2009: 58).


Aviador no Moinho do Pinheiro (Ribeira de Muge – Paço dos Negros)

No entanto, à semelhança de outras inovações feitas no sector da moagem, o aviador conviveu com as tararas e até o bandejamento manual, pois era bastante caro, não tendo qualquer casa disponibilidade económica para o adquirir. Este, para além de ser usado para a limpeza dos grãos que iam ser moídos, pode ser também utilizado para fazer a seleção dos melhores grãos para semente.

Quanto ao descasque de arroz, este é feito nas moegas negreiras dos moinhos (com mós de granito ou arenito), como se fosse para ser moído. No entanto, o pouso levava uma forra de cortiça. Assim, a rotação da andadeira não leva à farinação do grão de arroz, mas sim ao seu descasque, caindo depois na caixa o grão misturado com a sua casca. A separação é feita nas tararas e nos aviadores, da mesma forma que se retiravam as impurezas.

Bibliografia
MIRANDA, Jorge Augusto e NASCIMENTO, José Carlos (2008). Portugal, Terra de Moinhos. Lisboa: Chronos Editora.

MIRANDA, Jorge Augusto (2009). “«Trieur Marot» - Um aviador que revolucionou a indústria moageira mundial”, in: Molinologia Portuguesa, vol. 2. S/l: ed. Etnoideia.

TOMÉ, Samuel Rodrigues (2012). O Património Molinológico como fator identitário e vetor do desenvolvimento económico: o caso da Ribeira de Muge, dissertação de mestrado em Gestão e Programação do Património Cultural, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

No aniversário da criação da Freguesia de Fazendas de Almeirim – Parte I

A Freguesia de Fazendas de Almeirim comemora neste mês de Outubro 57 anos de existência. Não queríamos deixar passar esta data em branco, assilando-a com dois posts: este sobre o lugar das Fazendas de Almeirim e o segundo, sobre as Freguesia em si.


O lugar de Fazendas de Almeirim – contributos para a sua história

As Fazendas de Almeirim são um lugar relativamente recente. Com efeito, a origem deste pode situar-se no final do séc. XIX, com os “aforamentos nos terrenos limítrofes de dois latifúndios Gouxa/Atela e Alorna, para fixação de mão-de-obra rural” (ponto 1 do Projeto de Lei n.º 600/V). A sua importância foi-se afirmando, com o crescimento populacional que os aforamentos proporcionaram. No censo de 1911, a “População Dispersa” da freguesia de Almeirim, que segundo Henriques (2006) corresponde zona onde Fazendas de Almeirim se viria a desenvolver, possuía 1480 habitantes.
Vista parcial de Fazendas de Almeirim, da Zona da Serra.

Há a mencionar duas fontes coevas, dos anos 20 do séc. XX, que podem dar-nos ideia do que seria o local onde se desenvolveram as Fazendas de Almeirim. 

O primeiro documento é a publicação de Vasconcelos (1926), sobre o Paço Real da Ribeira de Muge. Com efeito, no segundo parágrafo, o autor faz uma descrição da viagem de Almeirim ao paço, dando interessantes notas sobre o caminho. Assim, refere que a estrada é de macdame, com uma extensão de cerca de seis quilómetros e meio da saída de Almeirim até terminar. 

Se Almeirim nessa época chegasse aproximadamente à zona onde hoje estão os celeiros da EPAC, também conhecidos como “Celeiros do Arroz”, esta distância finda na Serra de Almeirim, onde também terminava a Freguesia de Almeirim. Isto coincide com o autor, pois este refere que a estrada terminava numa elevação, sendo esta a primeira elevação digna de nota existente entre Almeirim e o Paço Real da Ribeira de Muge. Vasconcellos (1926), refere que esta estrada de macdame atravessava os chamados “Casais do Concelho”, pelo que possivelmente seria este o nome pelo qual as Fazendas de Almeirim eram conhecidas nesta época. 

“Distrito de Santarêm” (pormenor) – desenhado por A. J. Pedroso, presente no “Guia de Portugal”


O segundo documento que temos para apresentar é o primeiro guia turístico português, sob a simples designação de “Guia de Portugal”. A sua primeira edição foi em 1927, sendo coordenado por Raul Proença. Neste não há qualquer referência à existência das Fazendas de Almeirim. De igual modo, o mapa do distrito de Santarém incluído no guia (de A. J. Pedroso, datado de Abril de 1925), que podemos ver acima, não aparece qualquer aglomerado mencionado na zona das Fazendas de Almeirim. Isto vem de encontro à tese de que este seria o povoado ainda sem expressão à época, ou que, pelo menos não estaria ainda desenvolvido, sendo muito disperso e pouco coeso, caraterística intimamente ligada aos terrenos aforados.

Segundo este guia, a ligação entre Paço dos Negros e Almeirim fazia-se via Raposa e não pelo caminho que hoje conhecemos. O que nos faz colocar duas hipóteses: ou o caminho via Fazendas de Almeirim era pouco utilizado, ou simplesmente era desconhecido daqueles que elaboram o guia. 

Igreja de S. José, em Fazendas de Almeirim. 


Devido aos aforamentos, Fazendas de Almeirim cresce exponencialmente em termos de população durante a primeira metade do séc. XX, levando a que seja elevada a freguesia em 1956. Posteriormente, é criada a Paróquia de Fazendas de Almeirim, sob padroado de S. José, a 16 de julho de 1957, conforme atesta a placa na Igreja de S. José.

O seu crescimento foi tal ao longo de todo o séc. XX, que acabará o lugar das Fazendas de Almeirim, sede de freguesia, por ser elevado à categoria de Vila. De realçar que a Lei 80/91, de 16 de agosto, que fez esta promoção, localiza erroneamente este lugar no concelho de Santarém.

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES:
DECRETO-LEI n.º 40 812, de 19 de outubro de 1959.
LEI n.º 80/91, de 19 de agosto. “Elevação da povoação de Fazendas de Almeirim à categoria de vila”, Diário da República.
HENRIQUES, Eurico Manuel Lopes (2006). Coisas Urgentes: Almeirim - 1920. Almeirim: Edição do Autor. 
PROENÇA, Raul - coord. (1927). Guia de Portugal: Estremadura, Alentejo e Algarve, vol. II. (reprodução feita em 1991 pela Fundação Calouste Gulbenkian).
PROJETO de Lei n.º 600/V. “Elevação de Fazendas de Almeirim à categoria de vila”, Diário da Assembleia da República.
VASCONCELLOS, Frazão de (1926). “O Paço dos Negros da Ribeira de Muge e os seus almoxarifes”, separata da publicação Brasões e Genealogias. Lisboa: Tipografia do Comércio. 

domingo, 6 de outubro de 2013

Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações

Elvas, cidade alentejana, com “Badajoz à vista”, foi em 2012 inscrita na lista do Património da Humanidade da UNESCO com o nome de “Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações”.

Em primeiro lugar, pela sua localização percebe-se a necessidade de ser um ponto essencial na defesa do país. Em vários períodos da nossa história estivemos em conflito com o reino vizinho (Castela e mais tarde Espanha). Assim, encontramos um centro histórico dentro de muralhas construídas no séc. XVII. No entanto, dentro destas deparamo-nos com muralhas do tempo de D. Fernando (construídas aquando das Guerras Fernandinas), assim como duas cercas islâmicas.
Primeira Cerca Islâmica

A par desta cidade fortificada, foi construído na pós-restauração o Forte de Santa Luzia. Em 14 de janeiro de 1659 dá-se a Batalha das Linhas de Elvas, que impede a marcha das tropas espanholas para Lisboa e consolida definitivamente a Restauração da independência portuguesa. No séc. XVIII é construído o Forte da Graça, que fortalece a importância militar da cidade, chegando a ter mais de 15 000 militares.

Forte de Santa Luzia

Forte da Graça

Para além da cidade muralhada e dos dois fortes, Elvas conta ainda com três fortins (em tempos foram quatro), que tiveram um papel importante após as invasões francesas. São eles o Fortim de S. Mamede, Fortim de S. Domingos e Fortim de S. Pedro.

Fortim de S. Mamede

A classificação da UNESCO, para além da Cidade Fortificada, os Fortes e Fortins, compreende ainda o Aqueduto da Amoreira, estrutura importante no abastecimento de água à cidade durante os cercos, construído entre séc. XVI e XVII.

Aqueduto da Amoreira

Para finalizar, e citando um folheto de promoção turístico-patrimonial, podemos ver como era a convivência na cidade entre militares, religiosos e civis:

“Desde a Guerra da Restauração, passaram por Elvas 35 regimentos, sendo que, apesar da existência dos quartéis, no séc. XIX ainda se praticou o aboletamento de militares nas casas particulares. Em tempos de guerra não havia exceções: todos os edifícios, inclusivamente os religiosos e a própria Casa da Câmara, aboletavam soldados e adaptavam-se a enfermarias e a armazéns. E não foi o Colégio dos Jesuítas a albergar a aula de fortificação criada pelo príncipe D. Teodósio em 1651? Em Elvas, sempre o civil, o religioso e o militar se encontraram enlaçados. Elvas sempre foi a grande cidade quartel de fronteira, a tal ponto que, a partir de 1710, quem nela nascesse não tinha de se alistar mais tare: era considerado, à nascença, soldado.” In: Elvas, Cidade-Quartel.


Nota: foram utilizados como fontes diversos folhetos de promoção turística e patrimonial.