Quando
falamos (aqui) sobre as personalidades que foram sepultadas
no Convento da Serra, falamos de todos aqueles que aparecem mencionados em
algum lugar. No entanto, em 1924 Frazão de Vasconcellos, numa publicação sobre
uma visita sua a este local, menciona a existência de três lápides sepulcrais. Hoje
estão no Museu Municipal de Almeirim precisamente três lápides provenientes desta
casa conventual.
Lápide de Fernão Soares, no Museu Municipal de Almeirim.
Uma
delas pertence a Fernão Soares, é brasonada, e o epitáfio reza “SEPVLTURA DE
FERNÃO SOA/RES FIDALGO DA CASA DE/L REI DO JOAO TERCEIRO DESTE/ NOME E SEU PAJE
DO LIV/RO FALECEO AOS XXII DIA/S DO MÊS DE JVNHO NA E/RA DE 1544 ANOS”. O
brasão é esquartelado (dividido em quatro partes), com as armas dos Calatayud e
Figeirôa. Tem 10/4,5 palmos.
Fernão
Soares era filho de D. João de Catalayud e D. Aldonça Soares de Figueirôa,
aragoneses, que vieram para Portugal com a Rainha D. Maria (segunda mulher de
D. Manuel I), para a servir. Esteve dois anos em serviço em Tânger, onde
recebeu a Comenda de Santa Maria de Almendra da Ordem de Cristo, em 1537.
Braamcamp Freire menciona que morreu solteiro e sem filhos, o que Frazão de
Vasconcellos discorda, dizendo que além de ter sido casado com uma D. Maria
(filha de D. Maria de Meneses e Francisco de Anhaya), teve uma filha bastarda,
que se tornou freira.
Os três fragmentos da lápide de Diogo Vaz Ronquilho, no
Museu Municipal de Almeirim.
Uma outra tem inscrito o nome de “Diogo Vaz
Ronquilho”, sem data ou outro elemento. Não conseguiu o autor apurar quem seria
este Diogo Ronquilho, apesar de referir um epitáfio na nave central da Igreja
de Santa Iria, em Santarém, onde rezava “Sep.ª
de Diogo Vaz Ronquilho e de seu herdeyros”, que também não continha data
alguma. Encontra-se partida em três partes, não se sabendo se se separou ao ser
removida do local onde se encontrava originalmente, ou se isso aconteceu
posteriormente. Frazão de Vasconcellos não refere tal coisa no seu trabalho. Contudo,
sabemos que quando chegaram ao museu, se encontrava já neste estado.
Lápide de Beatriz Fernandes, à entrada do Museu Municipal
de Almeirim.
Por
fim, é ainda aludida por Frazão de Vasconcellos uma terceira lápide, que tinha
apenas inscrita uma data – 1544. Todavia, não nos pode deixar de parecer
curioso que está hoje no museu uma lápide de 1544, que pertence a Beatriz
Fernandes. Será a mesma? Se sim, porque razão disse o autor que esta não tinha
outro elemento além da data?
No
final da sua publicação, Frazão de Vasconcellos menciona que aconselhou, na
Associação de Arqueólogos, a que as três lápides fossem recolhidas ao museu
distrital, tendo o Visconde de Santarém iniciado as diligências nesse sentido. Após
vários percalços, as lápides de Diogo Vaz Ronquilho e Fernão Soares vieram
parar ao museu, manifestando nós a nossa dúvida se a terceira não será a de
Beatriz Fernandes. É possível vê-las hoje neste local.
Fonte:
VASCONCELLOS, Frazão de (1924).
“A Sepultura de Fernão Soares, pagem do livro del-rei Dom João III existente no
Convento de Almeirim”, separata da publicação Arqueologia e História.
Lisboa: Tipografia do Comércio.
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