sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sobre as lápides existentes no Convento da Serra – nos 500 anos da sua fundação

Quando falamos (aqui) sobre as personalidades que foram sepultadas no Convento da Serra, falamos de todos aqueles que aparecem mencionados em algum lugar. No entanto, em 1924 Frazão de Vasconcellos, numa publicação sobre uma visita sua a este local, menciona a existência de três lápides sepulcrais. Hoje estão no Museu Municipal de Almeirim precisamente três lápides provenientes desta casa conventual.


Lápide de Fernão Soares, no Museu Municipal de Almeirim.

Uma delas pertence a Fernão Soares, é brasonada, e o epitáfio reza “SEPVLTURA DE FERNÃO SOA/RES FIDALGO DA CASA DE/L REI DO JOAO TERCEIRO DESTE/ NOME E SEU PAJE DO LIV/RO FALECEO AOS XXII DIA/S DO MÊS DE JVNHO NA E/RA DE 1544 ANOS”. O brasão é esquartelado (dividido em quatro partes), com as armas dos Calatayud e Figeirôa. Tem 10/4,5 palmos.

Fernão Soares era filho de D. João de Catalayud e D. Aldonça Soares de Figueirôa, aragoneses, que vieram para Portugal com a Rainha D. Maria (segunda mulher de D. Manuel I), para a servir. Esteve dois anos em serviço em Tânger, onde recebeu a Comenda de Santa Maria de Almendra da Ordem de Cristo, em 1537. Braamcamp Freire menciona que morreu solteiro e sem filhos, o que Frazão de Vasconcellos discorda, dizendo que além de ter sido casado com uma D. Maria (filha de D. Maria de Meneses e Francisco de Anhaya), teve uma filha bastarda, que se tornou freira.


Os três fragmentos da lápide de Diogo Vaz Ronquilho, no Museu Municipal de Almeirim.

Uma outra tem inscrito o nome de “Diogo Vaz Ronquilho”, sem data ou outro elemento. Não conseguiu o autor apurar quem seria este Diogo Ronquilho, apesar de referir um epitáfio na nave central da Igreja de Santa Iria, em Santarém, onde rezava “Sep.ª de Diogo Vaz Ronquilho e de seu herdeyros”, que também não continha data alguma. Encontra-se partida em três partes, não se sabendo se se separou ao ser removida do local onde se encontrava originalmente, ou se isso aconteceu posteriormente. Frazão de Vasconcellos não refere tal coisa no seu trabalho. Contudo, sabemos que quando chegaram ao museu, se encontrava já neste estado.



Lápide de Beatriz Fernandes, à entrada do Museu Municipal de Almeirim.

Por fim, é ainda aludida por Frazão de Vasconcellos uma terceira lápide, que tinha apenas inscrita uma data – 1544. Todavia, não nos pode deixar de parecer curioso que está hoje no museu uma lápide de 1544, que pertence a Beatriz Fernandes. Será a mesma? Se sim, porque razão disse o autor que esta não tinha outro elemento além da data?

No final da sua publicação, Frazão de Vasconcellos menciona que aconselhou, na Associação de Arqueólogos, a que as três lápides fossem recolhidas ao museu distrital, tendo o Visconde de Santarém iniciado as diligências nesse sentido. Após vários percalços, as lápides de Diogo Vaz Ronquilho e Fernão Soares vieram parar ao museu, manifestando nós a nossa dúvida se a terceira não será a de Beatriz Fernandes. É possível vê-las hoje neste local.

                                                     
Fonte:

VASCONCELLOS, Frazão de (1924). “A Sepultura de Fernão Soares, pagem do livro del-rei Dom João III existente no Convento de Almeirim”, separata da publicação Arqueologia e História. Lisboa: Tipografia do Comércio.


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