3. A importância do património
3.1. Para as comunidades
O
património assume-se, antes de tudo, como um alicerce para as identidades. Com
efeito, este é responsável pelos sentimentos de pertença e apenas se pode
considerar património determinado bem quando a sua comunidade (seja um aldeia, um bairro ou um país) se revê nele. Contudo,
tudo isto não implica a perda de função turística do património – muito pelo
contrário. A autenticidade das manifestações em torno do património trará mais
benefícios para as comunidades que malefícios.
Tomando
como exemplo específico a procissão dos caracóis, no Reguengo do Fetal, esta
será uma grande base da identidade da sua população, não só pela unicidade
deste, com também pelo espirito de trabalho coletivo que encerra. Por outro
lado, é pela sua própria singularidade e autenticidade com que ainda hoje se
pratica que poderá despertar a vontade de ser conhecida e visitada por pessoas
com motivações turísticas.
3.2. Para o turismo
O
património assume-se essencialmente como um dos mais importantes produtos
turísticos dentro da corrente do chamado “Novo Turismo”. Em oposição a este, o
chamado “Turismo Tradicional”, muito virado para as massas e para o turismo de
sol e mar, também já fazia uso do património, ainda que de uma forma pouco
sustentada. Com efeito, do ponto de vista do turismo tradicional, podemos
considerar o usufruto do património dentro do grande chavão das viagens
organizadas em autocarros, em que estes despejavam cerca de 40 a 50 pessoas
junto a grandes e vistosos monumentos e em que estes faziam visitas rápidas, devido
à apertada agenda diária que por norma norteiam estes grupos. Assim, não existe
tempo para deixar divisas junto do comércio tradicional, nomeadamente em
restauração com gastronomia típica (uma outra forma de património muitas vezes
gorada), ou nas lojas de souvenirs.
Por
outro lado, associado ao conceito de must
see sight (aquilo que tem de ser visto), existe uma grande sobrecarga dos
destinos ou de certos pontos destes, onde há uma exacerbada vontade de mostrar que se esteve em determinado local. É
o caso, por exemplo, da Torre Eiffel, em Paris, em que são mais que comuns as
fotos com esta em pano de fundo.
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