Paço
dos Negros, talvez por ser um dos maiores aglomerados urbanos que encontramos
ao longo da Ribeira de Muge, conheceu vários engenhos. Apesar de hoje só
encontrarmos ruínas de dois dos engenhos no limite do lugar (os moinhos do
Fidalgo e do Ti Manuel Custódio), podemos afirmar que aqui existiram mais
alguns para além destes. Com efeito, encontramos referências a quatro engenhos
que já desapareceram.
1 – Moinho de Antão Fernandes
Sabemos
que em 1518 D. Manuel I autorizou Antão Fernandes (então almoxarife do Paço
Real da Ribeira de Muge), a construir um moinho no Vale João Viegas, num
terreno à sua escolha. Cremos que este engenho seria o mesmo que Manuel
Francisco Fidalgo vai herdar de sua sogra, apontado como uma das “minholas”
(moinho de pequenas dimensões) que desativou aquando da construção do Moinho do
Fidalgo. Encontra-se ainda assinalado no mapa da Herdade de Paço dos Negros,
datado de 1933. Foi um moinho de rodízio.
2 e 3 – Azenha e Moinho do Caniço
A
designação destes engenhos é dada por nós. Com efeito, não sabemos como se
chamavam ao certo, e são poucas as pessoas ainda se lembram deles, sobretudo do
Moinho de Vento de Custódio Caniço. Quanto à azenha (engenho com uma “roda
hidráulica” exterior), era de propulsão superior. Ambos aparecem no Mapa da
Herdade de Paço dos Negros, de 1933. Eram dois engenhos pequenos, que apenas
teriam um casal de mós cada. A azenha, mais recordada, teve como moleiro um
sujeito conhecido como “Velho Passeiro”.
4 – Moinho de Vento
Talvez
um dos mais conhecidos engenhos de Paço dos Negros, que chegou a dar o nome a
uma rua. Segundo as descrições que fazem deste, seria um moinho de vento de
torre fixa. Dois aspetos interessantes há a registar sobre este. Em primeiro
lugar, a sua construção. Foi mando erguer por Manuel Custódio (o mesmo que já
possuía um engenho na ribeira), precisamente para poder continuar a produzir
farinha quando a água lhe faltava, sobretudo no período de verão. Em segundo
lugar, este foi um dos moinhos mais ligados ao contrabando de farinha durante o
período do Estado Novo, facto que não poderíamos deixar de registar.
Bibliografia e outras fontes:
-
(1933). Herdade de Paço dos Negros.
-
EVANGELISTA, Manuel (2004). Lendas da Ribeira de Muge. S/l: Edição JFFA
e JFR.
-
EVANGELISTA, Manuel (2011). Paço dos Negros da Ribeira de Muge: A Tacubis
Romana. S/l: Edição do autor.
-
Jesuína Fidalgo (fonte oral)
-
Manuel Cipriano (fonte oral)
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