Este
foi um engenho que não abordamos aquando da elaboração da nossa dissertação de
mestrado. Com efeito, apenas lhe conhecíamos uma referência: o Sr. José
Fernandes mencionou que a Parreira (ou o Monte da Parreira, como aparece na
Carta Militar) tivera um moinho em tempos, apesar dele próprio (com 80 anos na
altura em que falamos) nunca se ter lembrado que ele tivesse trabalhado. Optamos
por não fazer referência a este na nossa dissertação, por termos apenas esta menção.
Contudo,
ao lermos a obra de Henriques (2012), encontramos uma referência a este
engenho, relativa a um contrato de arrendamento que terá ficado sem efeito,
possivelmente ainda antes de ter entrado em vigor. No entanto, é possível tirar
alguns dados dele, para que possamos ficar com algumas noções do moinho que
existia e podermos assim contribuir para a sua memória.
Em primeiro lugar, o
documento data de 1764, ou seja, segunda metade do séc. XVIII. Face a isto, podemos afirmar que este seria um dos oito moinhos que Vasconcellos (1926) afirma que existiam na margem da Ribeira de Muge, em meados do séc. XVIII, na freguesia da Raposa. Assim, sabemos
que nesta data o moinho era propriedade de António Faria de Melo, que morava em
Almeirim. Se o ia arrendar, é porque possivelmente não seria moleiro. É ainda
referido que o moinho dispunha de “três engenhos”, ou seja, três casais de mós.
Podemos
contudo perguntar-nos: onde ficava este moinho, ao certo? Apesar de não
podermos responder a esta pergunta, podemos lançar algumas pistas sobre isso.
Como tal, e como já vimos fazendo como método de trabalho, passaremos a
consulta às cartas militares, que nos podem proporcionar algumas informações
úteis. No caso da Parreira, conseguimos através da ferramenta “Mapas Online” do
Município de Salvaterra de Magos, o acesso a uma carta mais antiga, dos anos
70. Deste modo, o engenho não aparece assinalado em nenhuma das cartas, como
seria expectável, atendendo a que nem o Moinho da Várzea (vizinho) aparece como
tal. Por outro lado, possivelmente a levada que o serviria seria a mesma do
Moinho da Várzea, tocando deste modo quatro engenhos (a estes dois, juntam-se a
montante os moinhos da Ponte Velha e do Pinheiro). Quanto à sua localização
mais exata, cremos poder apontar três hipóteses. Correspondem ao encontro que
há entre três caminhos que partem do aglomerado de edificações (os casais) da
Parreira para junto da vala, que são visíveis na carta militar mais antiga. Num
deles, aquele que fica mais próximo à Várzea, é visível até uma construção.
Seria o antigo moinho, transformado em qualquer estrutura de apoio à atividade
agrícola ou pecuária?
Bibliografia e outras fontes:
HENRIQUES, Eurico (2012). As
Origens de Benfica do Ribatejo. S/l: ed. Rancho Folclórico de Benfica do
Ribatejo.
José
Fernandes (fonte oral).
VASCONCELLOS, Frazão de (1926). “O Paço dos Negros da Ribeira de Muge e os seus almoxarifes”, separata da publicaçãoBrasões e Genealogias. Lisboa: Tipografia do Comércio.
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