Uma
parte substancial do Paço Real da Ribeira de Muge desapareceu. A parte
desaparecida é talvez aquela que poderia ter um interesse maior: a parte
residencial. Contudo, foram postos a vista os vários alicerces existentes.
Castelo (2012) infere que é possível que o paço tenha tido apenas um piso,
sendo por isso considerado uma construção térrea com “pequenos quartos com
lareira e salões um pouco maiores, o que não sugere um ‘piso nobre’ e um ‘piso
privado’” (Castelo, 2012: 10).
Aguarela que reconstituí o interior do
Paço, de Maria Nélia Castelo.
Visto
do pórtico de entrada, temos o pátio, à volta do qual corre um corredor à
esquerda e em frente, o que sugere que seja esta a zona residencial (sendo a que
mais desapareceu). Não existindo esse mesmo corredor à direita, e não nos
esquecendo que as montarias e caçadas foram o principal e mais bem documentada
razão para a construção deste paço, poderiam servir estes espaços para apoio a
esta mesma atividade. Cavalariças, por exemplo seriam um espaço essencial à
época, tanto mais que, não nos devemos esquecer, que o almoxarife que aqui
tinha o seu ofício era obrigado a ter um cavalo, como referimos aqui.
Aguarela que reconstituí o alçado sudeste do Paço, de
Maria Nélia Castelo. São visíveis quatro bancos que se sabe que estiveram
naquele local, ou que ainda lá estão.
Contudo,
para além desta zona mais, digamos assim, residencial do paço, teremos de ter
em consideração aquilo que se encontrava para lá dele. Em primeiro lugar, no
alçado sudeste, virado para a Vala do Pomar, Castelo (2012) defende a
existência de um corredor onde existiram vários bancos forrados a azulejos.
Este possivelmente assentaria na estrutura ainda hoje existente, que suporta a
barreira para a vala, e na qual são visíveis bicas de escoamento das águas.
Aguarela que reconstituí o alçado sudeste do Paço, de
Maria Nélia Castelo. São aqui visíveis a Vala do Pomar, assim como os tanques
de água e a cerca do Pomar Real. Faltará aqui a representação do Moinho de
Cima, já fora da cerca, mas junto desta.
Para
além disso, temos ainda a zona do pomar, e os tanques de água. O pomar era
cercado, sendo a cerca ainda visível em alguns pontos. Na nomeação dos
almoxarifes é frequentemente referida a existência de hortelões que estes eram
obrigados a manter no paço. Seria aqui que exerceriam a sua função.
Bibliografia
CASTELO,
Maria Nélia (2012). O Palácio Manuelino
da Ribeira de Muge, trabalho de âmbito académico do seminário em
Itinerários e Paradigmas Monumentais.
Sem comentários:
Enviar um comentário