É deste modo que
aparece referido na “Carta Arqueológica do Concelho de Almeirim”, o único
documento oficial (por oficial, leia-se produzido pelas entidades competentes
para a gestão e salvaguarda do património) que faz um inventário dos bens
culturais a salvaguardar, nomeadamente os moinhos.
Localização do
engenho.
Não
conhecemos a origem deste engenho, no entanto, sabemos que ele já existia
aquando do levantamento para o “Mapa da Herdade dos Paços dos Negros”, com a
data de 1933. Atendendo a que o levantamento terá sido feito nos anos
anteriores à publicação do mapa, podemos inferir que o moinho será anterior aos
anos 30 do séc. XX. De salientar também que este engenho teve um casal de mós
francesas. Estas tinham como característica principal uma maior durabilidade e
uma necessidade de picagem inferior às restantes. Vinham de França, daí o seu
nome, de pedreiras em duas localidades relativamente perto de Paris: Ferté-sous-Jouarre
e Epernon. Os seus moleiros foram Manuel Custódio (proprietário), Manuel
Merenda, José Nobre e Joaquim Nobre.
Perspetiva do engenho
e da zona do açude. É visível o estado degradado em que se encontra.
A nível tecnológico,
cremos que terá sido o maior moinho de Paço dos Negros, pois tinha seis casais
de mós. Perto, apenas o da Raposa o conseguia igualar, e nenhum o superava. Estes
estavam divididos em dois corpos distintos. O primeiro era utilizado para o
descasque de arroz, contando com dois casais de mós. O segundo teria quatro,
entre os quais o conjunto de mós francesas. Quanto ao meio de propulsão, este era
um moinho de rodízio, como todos os outros que ainda podemos encontrar ao longo
da Ribeira de Muge. São ainda visíveis as seteiras dentro do cabouco do corpo
mais pequeno.
Seteiras no interior
dos caboucos do corpo mais pequeno.
Bibliografia
e outras fontes:
- (1933).
Herdade de Paço dos Negros. Mapa.
- Jesuína
Fidalgo (fonte oral)
- Manuela Evangelista
(fonte oral)
- OLIVEIRA, Ernesto
Veiga, GALHANO, Fernando e PEREIRA, Benjamim (1983). Tecnologia Tradicional
Portuguesa: Sistemas de Moagem. S/l: Imprensa Nacional da Casa da Moeda.
- WARD, Owen (2011). “Millstone Makers of Epernon”, in: International Molinology,
vol. 82. S/l: The International Molinological Society. (pp.
19-21)
Gostei. Muito bem explicado.
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