Ver parte I aqui.
Com o significado do lançamento deste post no dia de hoje, em que se comemoram 57 anos da criação da freguesia. Data esta que não é assinalada, fruto muito possivelmente da desagregação do território enquanto freguesia, e da inexistência de traços comuns entre a Vila de Fazendas de Almeirim e os lugares de Paço dos Negros e Marianos. Mas esta é apenas uma opinião pessoal. O que segue abaixo são factos.
Breve
apontamento histórico sobre a criação da freguesia
A freguesia das Fazendas de Almeirim
foi criada por decreto-lei, a 19 de outubro de 1956. Resultou não do
desmembramento de uma freguesia em duas, mas sim da junção de terrenos de duas
freguesias diferentes. Com efeito, a freguesia da Raposa perdeu a Herdade da
Ponte Velha, Paços de Baixo, Paço dos Negros, Herdade dos Gagos e Marianos para
a nova freguesia. A sede ficaria instalada no lugar das Fazendas de Almeirim,
que saía da freguesia de Almeirim.
Mapa das
freguesias do concelho de Almeirim, antes da criação da Freguesia de Fazendas
de Almeirim, com a sua área futura assinalada a tracejado.
Tendo
em conta os dados do Censo de 1911, em Henriques (2006), juntado a “população
dispersa” da freguesia de Almeirim (que segundo o autor corresponde ao lugar
onde se viria a desenvolver as Fazendas de Almeirim) com a dos demais lugares
que então pertenciam à freguesia da Raposa, a futura freguesia em 1911 contava
1816 habitantes.
Aquando
da sua criação, foi classificada como freguesia de 2.ª ordem. Deste modo, teria
entre 800 e 5 000 habitantes (a freguesia), pois esses são os valores para este
tipo de freguesia, segundo o art. 4 do Código Administrativo de 1940, ainda
hoje em vigor (apesar de contar com algumas alterações). Apesar de não termos
tido acesso ao valor de habitantes da nova freguesia no censo seguinte à sua
constituição, sabemos, por Evangelista (2011) que Paço dos Negros teria nesse
ano (1960) 782 habitantes, enquanto que em 1911 teria 162, ou seja, em 50 anos
assistiu-se a um crescimento demográfico de 482%.
O crescimento de Paço dos
Negros pode explicar-se pelo aforamento de terrenos na primeira década do
século, que levou ao desenvolvimento de duas ou três gerações até à criação da
nova freguesia. Cremos que se poderá encaixar a mesma explicação para as
Fazendas de Almeirim, que também nasceu do resultado de aforamentos. Este
crescimento demográfico terá sido um dos fatores determinantes à constituição
da nova freguesia, assim como a existência de igreja, cemitério (estes vincados
no diploma de criação da mesma).
Corrobando
com este desenvolvimento demográfico, está Serrão (2007), que afirma que a
criação de muitas freguesias neste período se poderá justificar pelos “fortes
impulsos de melhoria local [que] haviam crescido em muitas povoações que vivam
uma hora de crescimento económico e demográfico” (Serrão, 2007: 173).
Configuração atual da Freguesia de Fazendas de
Almeirim - Carta Militar da Freguesia de Fazendas de Almerim.
Fonte: Instituto Geográfico Português.
O
diploma de criação da freguesia refere ainda que “foi tomado o compromisso de
criação da paróquia religiosa correspondente logo que se crie a freguesia
civil”. Isto virá a acontecer três anos depois, com a criação da paróquia em 16
de julho de 1959 e sua inauguração no dia 2 de agosto seguinte.
Sendo
uma freguesia “jovem”, será sempre difícil ter marcos históricos, enquanto
freguesia, dignos de nota, para além daqueles que apesar de melhorarem
exponencialmente as condições de vida das suas populações, são normais pelo
desenvolvimento (arruamentos, eletrificação, água e saneamento).
Contudo, porque
a formação é o caminho para a criação do indivíduo enquanto ser racional e
opinativo, cremos ser importante destacar a entrada em funcionamento da Escola
Básica do 2.º e 3.º ciclo de Fazendas de Almeirim no ano letivo 1999/2000. À
construção deste estabelecimento não será alheio ao forte desenvolvimento
demográfico que se sentiu desde a revolução de abril de 74, contando, segundo o
censo de 2001, a freguesia com 6330 habitantes.
Escola Básica 2.º e 3.º ciclo de Fazendas de
Almeirim.
Fonte: Website do agrupamento de escolas.
Em
1991 o lugar de Fazendas de Almeirim é elevado a vila. Será ainda nos anos 90
que serão aprovadas as peças heráldicas da freguesia, com a respetiva descrição
publicada na III Série do Diário da República de 1 de julho de 1995. O escudo
dividido em nove quadrados, cinco verdes e quatro prateados. O primeiro
prateado com uma trompa vermelha, que simboliza as caçadas reais do séc. XIV que
levaram à (?re)construção do Paço Real da Ribeira de Muge, que deu origem a
Paço dos Negros. As restantes três têm cachos de uvas, simbolizando a cultura
da vinha, dominante em toda a freguesia. A coroa mural é de quatro torres, que
simboliza o lugar com categoria de vila.
Brasão de Fazendas de Almeirim. Fonte: Wikipédia.
A
freguesia hoje pode quase que dividir-se em duas partes separadas pelo acidente
geomorfológico designado por Serra de Almeirim. De um lado, temos lugares que
se estendem ao longo da margem da Ribeira de Muge, marcadamente agrícolas. Do
outro, temos a vila sede de freguesia, que apesar de ter características também
elas agrícolas, apresenta já um tecido mais urbano, com necessidades já bem
diferentes.
Bibliografia e outras
fontes:
Custódio, Jorge (2008). Almeirim –
Cronologia. S/l: Ed. CMA e Edições Cosmos.
Decreto-Lei n.º 31 095, de 31 de dezembro de
1940. “Código Administrativo”, Diário do
Govêrno.
Decreto-Lei n.º 40 812, de 19 de outubro de 1959.
Evangelista, Manuel (2011). Paço dos Negros da
Ribeira de Muge: A Tacubis Romana. S/l: Edição do autor.
Henriques, Eurico Manuel Lopes (2006). Coisas
Urgentes: Almeirim - 1920. Almeirim: Edição do Autor.
Lei n.º 80/91, de 19 de agosto. “Elevação da povoação
de Fazendas de Almeirim à categoria de vila”, Diário da República.
Serrão, Joaquim Veríssimo (2007). História de
Portugal: o terceiro mundo contra o Portugal Ultramarino (1951-1960), vol. XVII. S/l: Verbo.
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