Pouco antes das 9 horas, os conjurados e seus aderentes, em número de 120 pessoas, dirigiram-se ao Paço da Ribeira, (…), e investiram pelos vários salões, enquanto que o padre Gonçalo da Costa disparava vários tiros para anunciar a revolta e fazer afluir a multidão ao Terreiro do Paço. Escondido num armário, o secretário Miguel de Vasconcelos foi abatido a tiro e o seu corpo, ainda com sinais de vida, lançado para a rua, onde o povo deu largas ao ódio que lhe votava como fiel servidor de Castela. A princesa Margarida quis impor-se aos amotinados, mas logo compreendeu que era inútil o apelo à fidelidade, pelo que foi mandada recolher nos seus aposentos. O venerado D. Miguel de Almeida, do alto do balcão principal, proclamou a liberdade da Pátria e a realeza do Duque de Bragança como D. João IV.
SERRÃO, Joaquim Veríssimo (2001). História de Portugal – A Restauração e a Monarquia Absoluta (1640-1750), vol. V, 2.ª edição. S/l: Ed. Verbo.
Aclamação de D. João IV - uma pintura de Columbano Bordalo Pinheiro, que frequentemente é associada a este dia.
Comemoram-se hoje 373 da Restauração da Independência. Este é um relato desse dia numa das várias “História de Portugal” que têm sido escritas. Pela primeira vez não é feriado.
Se as políticas educativas se têm esforçado nos últimos anos por fazer cidadãos menos cultos e menos informados, para que sejam menos reivindicativos, não é menos verdade que se têm esforçado por apagar datas históricas e de relevo para a nacionalidade portuguesa. Acabar com este feriado (ou apenas suspende-lo por um número de anos), é mais um contributo para que a data caia no esquecimento.
Não deixa de ser interessante de ver que esta foi uma data que passou a ser feriado porque assinala o fim do domínio do estrangeiro sobre Portugal, e que tenham sido forças estrangeiras, a dita troika, a exigir o fim de feriados nacionais (tínhamos muitos, dizem eles), e que tenha sido escolhido logo este. É pelo menos coerente, pois deixamos de ser verdadeiramente independentes, e voltamos a ser dominados por forças estrangeiras.
É urgente que a sociedade civil se mexa, não só para restaurar este e os outros feriados abolidos, mas também para que esta data histórica não caia no esquecimento, e que os portugueses tenham verdadeira consciência da sua importância.
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