Foi na passada 6.ª feira que foi entregue o galardão do “Museu do Ano”,
pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM). Os três finalistas eram o
Museu Machado de Castro, o Museu do Ar e o Museu Municipal de Almeirim. A
distinção foi entregue ex-aequo aos
dois primeiros, sendo que o MMA recebeu uma menção honrosa (distinção
normalmente entregue aos finalistas que não são distinguidos).
Com certeza que a presença de António Nabais e António Viana (dois
nomes no mundo dos museus com uma visão e um currículo brilhante) no projeto
museológico e museográfico, não estará desligada da credibilidade que pode ser
conferida à exposição, e que poderá ter catapultado para esta nomeação. A
exposição, apesar de contida e com uma pluralidade de temas superior ao desejável
num espaço daquela dimensão, não deixa de representar aquilo que é o concelho: parte
da sua história, das suas tradições e das suas memórias. Pessoalmente, sou um
crítico a este tipo de museus, precisamente pela sua pluralidade temática.
O concelho de Almeirim conta com mais duas exposições desta índole: o
Museu Etnográfico da Raposa, instalado na Casa da Cultura desta freguesia,
assim como um acervo patrimonial na sede do Rancho Folclórico de Benfica do
Ribatejo. Estas, apesar de terem características indubitavelmente mais amadoras
que o MMA, reúnem um interessante espólio das suas comunidades. A articulação
que poderia ser feita, ao nível do município, com todos os espaços de exposição
patrimonial poderia residir na criação de museus temáticos, isto é, cada espaço
um destes espaços (e outros de potencial interesse) dedicados a um determinado
tema.
Por outro lado, o edifício que alberga o museu está ligado a este e
deve ser encarado como uma continuidade da própria exposição, segundo o que os
principais investigadores da área defendem. Algo que podemos encontrar nas
exposições da Raposa (a Casa da Cultura foi uma fábrica de descasque de arroz e
antes disso houvera sido um moinho) e de Benfica do Ribatejo (com a instalação
numa adega pertencente a uma casa agrícola). Contudo, no caso do MMA, a
instalação no Centro Coordenador de Transportes Terrestres foi não mais que a
reconversão de um edifício para o qual o seu uso inicial não se verificou, não
podendo assim considerar-se o edifício como uma extensão da exposição. Também o
projeto Centro de Interpretação de Almeirim, que irá ficar alojado nas Escolas
Velhas, cumpre com este requisito, apesar de ainda não ser do conhecimento
público quais as características e temáticas da exposição.
Na museologia, como em muitos outros setores da sociedade, deve imperar
a cooperação entre as várias entidades com acervos patrimoniais, em detrimento
do trabalho “por capelinhas”. Evita-se assim museus muito semelhantes num
espaço geográfico muito circunscrito. Constrói-se uma rede com a qual se torna
mais fácil de trabalhar, na medida em que cada um não precisa de puxar para si,
porque todos têm matéria diferente, não se gastando sinergias na
“concorrência”, mas sim naquilo que verdadeiramente importa: cooperação,
divulgação, promoção e qualidade expositiva.
Imagem retirada daqui: http://biblogfebomoni.blogspot.pt/2012/04/museu-municipal-de-almeirim.html
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